Tratamento dado aos animais utilizados nas provas foi foco da reunião
Com o objetivo de entender melhor como é o tratamento dado aos animais que serão utilizados nas provas do Limeira Rodeo Music, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara se reuniu na tarde desta quinta-feira, 9 de março, com organizadores da festa.
Participaram da reunião, além dos membros da Comissão, vereadora Tatiane Lopes (Podemos), presidente; e Airton do Vitório Lucato (PL), vice-presidente; a secretária municipal de Meio Ambiente e Agricultura, Simone Zambuzi; e os representantes do Rodeo Music, o diretor Denilson Russo Real e o veterinário Jonas Santa Rosa Júnior; e o advogado da empresa Viola Show, Renato Cassiano.
O veterinário explicou aos parlamentares que no passado a seleção dos animais que seriam utilizados nos eventos era feita dentro do rebanho, buscando os mais agressivos. Hoje, segundo ele, os animais são selecionados geneticamente. Ele relatou que alguns criadores possuem centros de reprodução e bancos de semem.
Jonas disse que nas fazendas onde os animais vivem eles têm assistência veterinária 24 horas por dia, dieta balanceada, lago para nadar e são estimulados a se movimentarem para criarem musculatura. Também informou que quando o animal alcança o limite do tempo de utilidade nos eventos, ele vai para uma espécie de asilo, tendo o mesmo tratamento que os demais.
Sobre o transporte, o veterinário disse que é utilizado um caminhão adequado, de ferro na parte exterior e acolchoado internamente, com delimitadores para separar os animais uns dos outros, e que os animais são retirados do caminhão por um equipamento denominado desembarcador. Ao desembarcar é feita uma anamnese do animal pelo veterinário, que analisa o estado físico, situação das vacinas e documentação e se estiver apto segue para os currais. Jornas disse que os animais ficam cerca de quatro horas no recinto, entre o desembarque, a apresentação e reembarque, para serem encaminhados a um local que os abrigará até o fim das festividades. Ele também explicou que um touro é utilizado somente duas vezes durante o rodeio, completando 16 segundos de apresentação total, com intervalo mínimo de um dia entre uma apresentação e outra.
Já em relação aos instrumentos, o veterinário falou que são utilizados a cinta de lá, corda para que o peão se segure no touro e rosetas (esporas), que têm as pontas arredondadas e servem de apoio para o competidor. “Todos os equipamentos são inspecionados um a um pelo veterinário e se estiverem com alguma irregularidade podem gerar penalidades e até desclassificação do peão”, pontuou Jonas.
Questionado sobre o que faz o touro pular. Jonas argumentou que a genética é o principal fator e que a cinta de lã incentiva a evolução dos pulos do animal. Ele disse que o equipamento é passado em torno da virilha do touro e que não pode ser apertada, pois do contrário o animal não desenvolve o pulo. Ele também assegurou aos presentes que a cinta não causa dor e que todos os elementos estão de acordo com a legislação que trata do bem-estar animal.
A secretária de Meio Ambiente foi questionada sobre a fiscalização da festa. Segundo ela, os rodeios são regulados por lei estadual e a competência da fiscalização também é do Governo do Estado.
A presidente da Comissão, vereadora Tatiane Lopes (Podemos), pontuou que é favorável aos shows, por se tratar de uma festa que gera empregos, traz recursos e proporciona lazer para a população. No entanto, não concorda com a utilização de animais para entretenimento. “Compreendo o que foi explicitado aqui e sobre a preocupação de vocês com o bem-estar dos animais, mas eu não visualizo isso como bem-estar animal”, declarou.
A Comissão pediu autorização dos organizadores para visitar o Rodeo Music durante a realização das provas e conferir os procedimentos explicitados, no entanto os organizadores disseram que não é possível, pois a segurança dos parlamentares estaria em risco.
A Comissão de Meio Ambiente é responsável por fiscalizar a implementação de políticas públicas com temática relacionada à legislação de defesa do meio ambiente, agricultura, recursos hídricos, saneamento, poluição ambiental, flora, fauna, controle e proteção animal, solo e desenvolvimento sustentável. Compete ainda ao colegiado receber denúncias de violação dos direitos dos animais, além de estudar e propor alterações na legislação ambiental. As reuniões ocorrem às quintas-feiras, às 15h. Todas as deliberações são registradas em ata.
Fazem parte do colegiado os vereadores Tatiane Lopes (Podemos), presidente; Airton do Vitório Lucato (PL), vice-presidente, e Helder do Táxi (MDB), secretário.