A oferta de mais leitos no âmbito do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba (DRS-10) da Secretaria de Estado da Saúde foi tema da reunião extraordinária da Comissão de Saúde da Câmara, nesta terça-feira, 30 de março. Além da diretora da regional, a enfermeira Regiane Portes Mendes, estiveram presentes os parlamentares membros do colegiado - Everton Ferreira (PSD), Marco Xavier (Cidadania) e Lu Bogo (PL) - e a vereadora Terezinha da Santa Casa (PL), proponente da discussão.

Questionada pelos vereadores sobre o que o DRS está fazendo para ampliar o número de leitos na regional, Regiane respondeu que o Estado está à disposição para custear todos os leitos abertos pelos municípios, tanto de UTI, como de suporte ventilatório e de leitos clínicos. “Havendo possibilidade de ampliação, o município monta e o Estado consegue custear”, explicou.

No entanto, segundo ela, a abertura de novos leitos não resolve o problema da pandemia. A diretora informou que, antes da pandemia, a regional contava com 108 leitos regulares e, após o estado de calamidade, foram abertos 231 leitos exclusivos para o tratamento da covid-19. "Praticamente triplicamos o número de UTIs que têm na região", asseverou. 

Ela informou também que o Hospital Regional, em Piracicaba, está, pela segunda vez desde o início da pandemia, totalmente destinado para a covid-19. Segundo Regiane, o hospital contava com 50 leitos e agora tem 40 unidades. “O que impede a gente de ampliar, no Estado e no Brasil, é a falta de recursos humanos e de medicação, que nesse momento a gente não tem”, resumiu. “Entendo que a preocupação maior nesse momento é o atendimento, mas acho que nosso foco deveria ser outro.”

Conforme números apresentados pela diretora, atualmente o valor das diárias dos leitos é de R$ 1.600 para UTI, R$ 478 para suporte ventilatório e R$ 300 para enfermaria.

Para a vereadora Terezinha da Santa Catarina, proponente da reunião com o DRS de Piracicaba, a resposta não foi satisfatória. “A gente vive o problema que o munícipe vive. A gente teve perdas porque faltou assistência”, divergiu Terezinha. “A população está nos cobrando por mais locais de atendimento”, concordou Lu Bogo. 

Por sua vez, o presidente da Comissão, vereador Everton Ferreira, defendeu um apelo ao governador do Estado para expandir o Hospital Regional. “É um trabalho de muitas frentes e aquisição de leitos é um deles”, definiu o parlamentar. Além disso, de acordo com Everton, o Estado tem mais força de execução do que os municípios. 

Já o vereador Marco Xavier concordou com a ampliação de novos leitos, por meio até de hospitais de campanha. “Nós gostaríamos que o Estado, por meio de hospitais de campanha, pudesse dar um suporte maior para atender os municípios. Eu sei que não vamos vencer a covid-19 criando novos leitos, pois a discussão é muito mais ampla. Mas as pessoas estão morrendo por falta de atendimento, e isso é muito desesperador. Estamos dispostos a fazer o que for preciso para ajudar”, disse.

Atendimento básico

Para a diretora do DRS, é importante os municípios fortalecerem desde já o atendimento da covid-19 nas unidades básicas de saúde (UBS), ou seja, dar prioridade à atenção básica. Ela citou o uso de oxigenoterapia nas UBS para atender os pacientes logo no início dos sintomas e, assim, diminuir o número de internações. Ela considera que esse tipo de atendimento é possível, uma vez que todos os profissionais de saúde já foram vacinados e não correm mais riscos com a exposição.

"Estou falando de atendimento pró-ativo, para evitar que o paciente complique, e tenha que ir para dentro da UTI nos vários hospitais da região. Se a gente conseguisse isso, e a gente tem estrutura de atenção básica em todos os municípios para fazer isso, a gente conseguiria descentralizar e acompanhar esse paciente para diminuir a complicação. Ainda que ele precisasse ir para o hospital, ele ficaria menos tempo e conseguiríamos ter maior rotatividade de leitos", defendeu.

Situação de Limeira

A situação do município de Limeira foi discutida na reunião e elogiada pela diretora Regiane Portes Mendes. Limeira conta com 38 leitos de UTI, na Unidade de Referência Coronavírus (URC) custeados pelo SUS e pelo governo do Estado de São Paulo. “Com todas as dificuldades que Limeira tem, ainda é um dos lugares mais organizados da região”, afirmou.

Por fim, a diretora se colocou à disposição dos vereadores e convidou-os para conhecer a estrutura do Hospital Regional.

Vacinação

Os vereadores defenderam o fortalecimento da campanha de imunização por meio de vacinação, bem como a inclusão dos mais jovens, pois esses fazem parte da pessoas economicamente ativas e estão se expondo mais.

Comissão

Dando sequência ao cronograma para enfrentamento da pandemia, a Comissão de Saúde da Câmara recebe na quinta-feira, 1º de abril, o secretário municipal de Saúde, Vitor Santos, para falar sobre a vacinação e para fazer um balanço sobre o enfrentamento da doença na cidade. No dia 6 de abril, o colegiado promove uma reunião com as Comissões de Saúde de todas as Câmaras dos Municípios que fazem parte do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba, com o objetivo de articular ações conjuntas para incremento dos leitos hospitalares, em especial de UTI. 

A Comissão é responsável por emitir pareceres, apurar denúncias e fiscalizar ações que tratem do Sistema Único de Saúde (SUS) e seguridade social, vigilância sanitária, epidemiológica e nutricional; segurança e saúde do trabalhador e turismo, bem como de programas esportivos, recreativos e de lazer voltados à cidade de Limeira. Fazem parte do colegiado os vereadores Everton Ferreira (PSD), presidente; Lu Bogo (PL), vice-presidente; e Marco Xavier (Cidadania), secretário.