Ação ocorreu após exibição do filme Tomates Verdes Fritos
O Cine Câmara exibiu o filme “Tomates Verdes Fritos” e debateu sobre a violência contra as mulheres, nessa terça-feira, 26 de novembro, no cinema da FCA Unicamp. A exibição faz parte da programação da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, instituída pela Resolução 599/2015, de autoria da vereadora Erika Tank (PL).
Lançado em 1991, o filme tem entre suas tramas a narrativa de um relacionamento conturbado, em que o marido agride a esposa, e ela só consegue se salvar com auxílio de uma amiga. Após a exibição, o debate foi mediado pela jornalista da Câmara Municipal, Bruna Carvalho, entre representantes do Cras Marilena Pinto Ramalho e público presente.
Alguns dados sobre violência às mulheres foram apresentados pela jornalista. “Três mulheres morrem por dia só por serem mulheres e a cada dois minutos, uma mulher reporta uma violência. Isso significa que neste exato momento tem alguma mulher lá fora vivenciando um cenário de violência”, relatou.
Ainda de acordo com ela, metade da população conhece alguém que tenha sofrido alguma violência praticada por um homem, seja o marido, o filho, o pai, alguém próximo com vínculo afetivo, só pela condição de ser mulher.
O público compartilhou histórias pessoais de violência e de conhecidos, como vizinhos e parentes, e debateu sobre a importância de se combater a reprodução de frases que demonstram posse, inferiorizam e culpam as mulheres pelas agressões que sofrem ou que isentam aqueles que sabem e não a auxiliam de qualquer responsabilidade, como “foi assediada, mas estava pedindo com aquela roupa decotada”, “prende as cabritas, porque meu bode está solto”, “em briga de marido e mulher não se mete a colher” e “essa saia está muito curta”.
“São muitos os mitos que nos perseguem na sociedade, por exemplo, que a mulher que sofre violência não tem respeito próprio, não tem autoestima, é fraca, não tem família ou estrutura. Quantas vezes a gente não ouve que a violência é culpa da própria mulher vítima ou que as agressões só acontecem na periferia. A violência está em todos os lugares, em casa, no trabalho, na relação entre amigos; acontece em todas as classes sociais, todas nós estamos vulneráveis”, relatou Bruna Carvalho.
De acordo com a jornalista, é comum que as mulheres sejam culpadas por não darem término em relacionamentos abusivos, porém, não é tão fácil assim. “Existe um ciclo, um dia tem cinema, flores, declarações, depois tem um dia com um desentendimento que acaba em agressão, que é seguido pelo arrependimento e um pedido de desculpas e a compensação com um sopro de companheirismo. Isso até surgir um novo motivo, para uma nova briga, que resulta mais uma vez em agressão verbal ou física e aí a mulher pensa ‘todo relacionamento tem problema’, até perceber que sua vida está sendo sugada e sua identidade perdida”.
Por fim, Bruna pediu a reflexão de todos sobre o próprio olhar para este problema. “Nossa responsabilidade é tirar a venda dos olhos e refletir sobre a realidade sem maquiagem, olhar com empatia para a dor e o sofrimento do outro. É muito difícil mudar uma herança que deixamos para nossa próxima geração, mas é aí que entra nossa responsabilidade: mudar respostas que são automáticas porque vêm com a força de outras gerações”, concluiu.